
“Por muito tempo nos questionamos se as máquinas um dia sonhariam, mas aparentemente estamos frente à possibilidade de que seu inverso de realize; seremos nós que sonharemos os sonhos das máquinas.”
Em O Universo dos Sonhos Técnicos, Marcus Bruzzo explora a marcha do imaginário ocidental até o surgimento das (IAs) Inteligências Artificiais, e chega a um diagnóstico importante: de agora em diante, tudo mudará no nosso imaginário.
Os sonhos das próximas gerações serão baseados em fantasias criadas por modelos de Inteligência Artificial. Roteiros inteiros, imagens, filmes completos, séries com suas trilhas sonoras, todos passarão a ser compostos por IA, em modelos individualizados. Mas se o imaginário até agora foi um ato cultural de sociabilidade, quais os impactos da individualização algorítmica do imaginário sobre a humanidade?
“A imaginação era um privilégio humano.”
O livro é um mergulho nas profundezas do imaginário em nossa história, de Lascaux à modernidade, passando pelo renascimento europeu, pelas artes e revoluções sociais. Completamente enriquecido de referências e com linguagem compreensível, mas profunda e reflexiva, o livro nos leva a questionar: O imaginário deixará de ser um privilégio da humanidade? A criatividade passa a ser disputada, pela primeira vez, com algo não humano?

“É a Sócrates que podemos acusar de ter sistematizado uma forma de conhecimento da realidade que despreza as imagens em favor da lógica binária.”
Máquinas que sonham autonomamente criarão quais impactos na nossa percepção sobre o corpo, as identidades, ou as relações subjetivas, profundamente balizadas pelas imagens? Qual o apelo ao âmbito ético e de representação ou representatividade em um mundo de sonhos técnicos? Estas e muitas outras questões surgem nesta obra, e são navegadas com primor, sobre a profunda alteração na cosmovisão da humanidade frente à autonomia imaginária das IAs.
“É seguro afirmar que no esforço de imaginar - isto é criar imagens - a humanidade não tem demonstrado apreço por qualquer “realidade” da captação das imagens que produz”
Marcus Bruzzo
Mestre em Filosofia Semiótica da Cultura, pela Universidade de Tartu, na Estônia. Mestre em Mìdia e Processos pela ECA-USP. Pós-graduado em Comunicação e Semiótica, também em História Social da Arte. Pesquisa sobre cultura e tecnologia, e atua com gestão de times criativos em design instrucional, novas interfaces e experiências digitais.